Estou de volta... como a primavera!

"Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa..."

Manuel Antonio Pina
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sexta-feira, 10 de abril de 2020

Contigo aprendi coisas tão simples


 Fotografia de Romualdas Pozerskis

Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente

Ruy Belo




sábado, 29 de fevereiro de 2020

Composição de lugar



Arte de Emmanuelle Brisson

Não caibo nesta tarde que me desfolhas
sobre o coração. Renovam-se-me sob os passos
todos os caminhos e o dia é uma página que lida
e soletrada descubro inatingível como o vento a rua e a vida
As mesmas mãos que antes desfraldavam
domésticas insígnias abaixo dos beirais e
emprestam novos pássaros às árvores.
Pétala a pétala chego à corola desta minha hora
Roubo o meu ser a qualquer outro tempo
não há em mim memória de alguma morte
em nenhum outro lugar me edifiquei
Arredondas à minha volta os lábios para me dizer
recuo de repente àquele principio que em tua boca tive
Eu sei que só tu sabes o meu nome
tentar sabê-lo foi afinal o único
esforço importante da minha vida.
Sinto-me olhado e não tenho mais ser
que ser visto por ti. Há no meu ombro lugar
para o teu cansaço e a minha altura é para ser medida
palmo a palmo pela tua mão ferida.


Ruy Belo



 

quarta-feira, 22 de maio de 2019


Imagem da Web

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras
e só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz a música
que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento atualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

Ruy Belo



domingo, 23 de setembro de 2012



Tela de Gustav Klimt [portrait of Mada Primavesi] 1913

Ei-la que vem, ubérrima, numerosa, escolhida,
secreta, cheia de pensamentos, isenta de cuidados.
Vem sentada na nova primavera,
cercada de sorrisos no regaço lírios,
olhos feitos de sombra de vento e de momentos
alheia a estes dias que eu nunca consigo
morder-lhe o tempo na face as raízes do riso
começa para além dela a ser longe.
A amada é bem a infância que vem ter comigo.
Há pássaros antigos nos límpidos caminhos
e mortes como antes nunca mais
Ei-la já que se estende ampla como uma pátria
no limiar da nossa indiferença.
Os nossos átrios são para os seus pés solitários
Já todos nós esquecemos a casa dos pais
ela enche de dias a nossa solidão.
A dor... é nela até que deus começa
eu bem lhe sinto o calcanhar do amor.
Que importa sermos de uma só manhã e não haver em volta
árvore mais açoitada pelos diversos ventos?
Que importa partirmos num desmoronar de poentes?
Mais triste mesmo a vida onde outros passarão
multiplicando-lhe a ausência que importa
se onde pomos os pés é primavera?

Ruy Belo


sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Ah, Poder Ser Tu, Sendo Eu!"


Desconheço a autoria da imagem


Ei-lo que avança
de costas resguardadas pela minha esperança
Não sei quem é. Leva consigo
além do sob o braço o jornal
a sedução de ser seja quem for
aquele que não sou
E vai não sei onde
visitar não sei quem
Sinto saudades de alguém
lido ou sonhado por mim
em sítios onde não estive
Há uma parte de mim que me abandona
e me edifica nesse vulto que
cheio de ser visto por mim
é o maior acontecimento
da tarde de domingo
Ei-lo que avança e desaparece
E estou de novo comigo
sobre o asfalto onde quero estar

Ruy Belo


terça-feira, 24 de agosto de 2010

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Imagem Google
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Ninguém sabe andar na rua como as crianças.
Para elas é sempre uma novidade,
é uma constante festa transpor umbrais.
Sair à rua é para elas muito mais do que sair à rua.
Vão com o vento.
Não vão a nenhum sítio determinado,
não se defendem dos olhares das outras pessoas
e nem sequer, em dias escuros, a tempestade se reduz,
como para a gente crescida,
a um obstáculo que se opõe ao guarda-chuva.
Abrem-se à aragem.
Não projetam sobre as pedras, sobre as árvores,
sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm.
Vão com a mãe à loja,
mas apesar disso vão sempre muito mais longe.
E nem sequer sabem que são a alegria de quem as vê passar e desaparecer.


Ruy Belo
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sábado, 22 de novembro de 2008

.
.
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras
e só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores
só ele traz a músicaque jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
.
Ruy Belo

Interlúdio com ...

Will You Still Love Me Tomorrow - Norah Jones

Will You Still Love Me Tomorrow

Norah Jones

Tonight you're mine completely
You give your love so sweetly
Tonight the light of love is in your eyes
Will you still love me tomorrow?

Is this a lasting treasure
or just a moment pleasure?
Can I believe the magic of your sight?
Will you still love me tomorrow?

Tonight with words unspoken
You said that I'm the only one
But will my heart be broken
When the night meets the morning sun?

I like to know that your love
This know that I can be sure of
So tell me now cause I won't ask again
Will you still love me tomorrow?

Will you still love me tomorrow?
Will you still love me tomorrow?...

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