Modelo russa Nastya Zhidkova, em foto de Dani Golovkin |
Não vai doer.
É bater de frente com a morte.
Olhar a silhueta das asas de um anjo.
Ácido na língua. Mãos apertadas nos joelhos
à espera da solução para os vícios.
Não dói nada.
Sou uma fada de botas da tropa.
É o meu delírio sempre a horas certas
dentro de um aquário híbrido.
Estranhar ser pessoa.
Estranhar ter crescido. Ter de ser crescida.
Sem pele.
Colecionadora de vestidos que não posso vestir.
É incrível como a torre pode cair.
Devia, antes de saber se caio, demolir um assunto grande.
Só para assistir à cadência.
Como com as estrelas, mas sem desejar.
Não vai doer.
É só uma luz muito aguda.
Patrícia Baltazar
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